Prof.ª Gilda Collet Bruna :.
   
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Projeto Urbano I
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Conceitos & Teoria


Lei Complementar 2512 - Plano Diretor
Lei Complementar 2513 - Uso e Ocupação do Solo
Lei Complementar 2514 - Código de Obras e Edificações
Lei Orgânica do Município de Cubatão - Outubro de 2000

PROJETO URBANO I

AULA 1
CRITÉRIOS DE PROJETO. A REDE DE CIDADES. O PNMA - POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE.

1) MEIO AMBIENTE

2) As cidades são o resultado de ações políticas e culturais (e portanto de cunho socioeconômico), mas também do meio ambiente em que se inserem. BIOTA

3) Portanto o Meio Ambiente tem um papel relevante no projeto urbano. Regiões desérticas ou tropicais ou temperadas acabam por condicionar cada qual distintas sociedades, com projeto e desenho urbano diferentes entre si. Tipos de solo e relevo condicionam a localização das aglomerações urbanas mais, ou menos afastadas, as formas diferentes de penetração no território, levando em épocas distintas, à priorização do uso de canais hidroviários, ferrovias, rodovias e à formação de diferentes centros polarizadores.

4) Ao mesmo tempo que os assentamentos humanos se estabelecem e se realimentam do meio ambiente, há necessidade de preservar partes deste ou de ocupar de modo a permitir que este se renove. Assim a preocupação com o Meio Ambiente tem assumido diversas formas ao longo do tempo.

5) No Brasil é importante destacar a vigência da Lei Federal No 6.938 de 17.01.1981 e alterações posteriores que cria o SISNAMA e o CONAMA, respectivamente Sistema Nacional de Meio Ambiente e Conselho Nacional de Meio Ambiente. Dentre outros esta lei estabelece que o poluidor é obrigado a indenizar, isto é, recuperar ou indenizar os danos ambientais que causar, independentemente de culpa. Estabelece também a necessidade de EIA/RIMA (estudos de impactos ambientais e relatório de impacto no meio ambiente) que foi regulamentada pela Resolução 001/86 do CONAMA, para determinadas atividades econômicas, conforme o porte e tipo de projeto, identificando tanto os impactos positivos, como negativos e os meios para mitigá-los ou saneá-los. Se, por decisão do CONAMA estes estudos não forem aprovados, o empreendimento não pode ser implantado. Assim as decisões deste conselho têm interferido nos projetos urbanos, no sentido de que permitam a preservação e renovação ambiental, ao mesmo tempo que permitam o desenvolvimento sustentável. Conforme o porte e o tipo de projeto.

6) LEGISLAÇÃO

7) Por isto é importante conhecer a legislação urbanística e ambiental e nelas identificar critérios de projeto. Por exemplo, identificar:

a) barreiras intransponíveis pela urbanização, como as Áreas de Preservação, ou seja, aquelas as Unidades ditas de Proteção Integral pela Lei Federal No 9.985 de 18.07.2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, que são a Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Nacional;  

b) elementos estimuladores da urbanização, como planícies e planaltos, bacias hidrográficas, estradas, ferrovias, aeroportos;

c) áreas inapropriadas para cultivo devido ao tipo de solo e, em contraposição apropriadas para a urbanização;

d) a direção dos ventos dominantes; dentre outros. O conceito de sustentabilidade, segundo alguns autores, foi estruturado como um modo de questionar a sociedade industrial, tendo se originado como decorrência dos sistemas ecológicos, enquanto que o conceito de desenvolvimento, também focalizando a sociedade industrial, procura mostrar que este modelo em si, está esgotado, pois não é possível continuar indefinidamente esse desenvolvimento, sem se preocupar com a capacidade de sustentação do território em que esse desenvolvimento ocorre. Nesse sentido é que o conceito de desenvolvimento sustentável tem maior aceitação política, embora ainda esteja sendo construído, com foco na sua aplicabilidade, dentro da organização social de cada país que vem discutindo sua Agenda 21. Assim, paulatinamente novos conceitos vêm sendo incorporados por consenso, para que o futuro seja sustentável. Dais falar-se em sustentabilidade como um processo com características programáticas: uma agenda social e ambiental imbricadas na dinâmica socioambiental para enfrentar conjuntamente a degradação do meio ambiente e a questão da pobreza mundial. Desse modo há um pacto global pró Agenda 21 para superar os conflitos entre países ricos (hemisfério norte) e pobre (hemisfério sul). (Vide - Cidades Sustentáveis: Subsídios à Elaboração da Agenda 21 Brasileira. Maria do Carmo de Lima Bezerra e Marlene Allan Fernandes (coordenação-geral). Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Consórcio Parceria 21, 2000.) Com a gestão ambiental busca-se o equilíbrio entre o homem e seu ambiente natural e urbano. Este equilíbrio vem sendo chamado de desenvolvimento sustentável, pois trata de metas a atingir que, se atingidas, diz-se sustentado. Significa que este crescimento econômico deve ocorrer, à medida que consideram-se as possibilidades de exaustão dos recursos naturais, de reutilização de produtos e resíduos, de minimização dos impactos ambientais negativos. (Vide - Política e Gestão Ambiental. Arlindo Philippi Jr e Gilda Collet Bruna. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, Núcleo de Informação em Saúde Ambiental, 2002.)

8) TRABALHO PRÁTICO: A partir dos documentos apresentados, na cartografia dada: I) DEMARCAR: a) as barreiras intransponíveis pela urbanização; b) as áreas de preservação e proteção ambiental; c) os vetores de expansão urbana; d) as áreas passíveis de urbanização; e) áreas prioritariamente rurais; f) áreas passíveis de ocupação industrial; g) vetores indutores da urbanização; h) outras áreas de uso e ocupação especiais; II) JUSTIFICAR cada item assinalado com a legislação ou diretriz constante dos documentos apresentados.

AULA 2
POLITICAS PÚBLICAS COMO CRITÉRIOS DE PROJETO

1) POLÍTICAS PÚBLICAS E O MEIO AMBIENTE

2) As políticas públicas são expressas por documentos legais que emanam primordialmente da Constituição Federal. Esta varia em caráter ao longo do tempo, sendo mais ou menos centralizadora, quando no extremo tem-se a ditadura, ou, mais ou menos descentralizadora, quando no extremo tem-se a democracia. Pode-se dizer que a Constituição Federal de 1988 vigente tem influências distintas no projeto urbano, pois, por exemplo, a política federal que estabeleceu os corredores de exportação levou ao desenvolvimento de portos e sua retroterra; a Lei Federal No 6.803 de 02.07.1980, alterada pela Lei Federal No 7804 de 20.07.1989 que trata do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição leva a restringir a localização de determinados tipos de indústrias em algumas áreas e a estimular em outras; a Lei Federal No 9.985 de 18.07.2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza impõe controle à ocupação dessas áreas.

3) As políticas públicas estaduais precisam estar de acordo com as imposições federais, mas podem ser mais exigentes que estas, impondo maiores restrições e mesmo outras imposições. Assim cada Estado tem suas políticas públicas expressas por legislações estaduais e portanto estas são diferentes entre si. Por exemplo, a composição dos Conselhos de Desenvolvimento das Regiões Metropolitanas é diferente de Estado para Estado; o mesmo ocorre em relação às legislações para o Meio Ambiente e para os Recursos Hídricos; no Estado de SP a SMA - Secretaria de Meio Ambiente - exige para certos tipos de empreendimentos um RAP (Relatório Ambiental Prévio), além do EIA/RIMA. Porém, quando a área em questão se estender por municípios de diferentes Estados, há que ouvir o CONAMA, ou seja, entende-se que a questão é de âmbito federal.

4) As políticas públicas municipais são expressas por legislações aprovadas pelas respectivas câmaras de vereadores. Podem, e muito provavelmente, são bastante diferentes umas das outras, embora todas precisem obedecer às disposições federais e estaduais. Alguns Municípios, por exemplo, não têm nem secretaria, nem legislação de Meio Ambiente, devendo no entanto, obedecer às legislações estaduais e federais. Quando a área em foco se estender por mais de um município, a questão em análise extrapola o âmbito municipal, passando à decisão estadual.

9) O ESTATUTO DA CIDADE

10) Não se pode esquecer porém, que a Lei Federal de 10.07.2001 que estabelece as diretrizes gerais da política urbana - também chamada de Estatuto da Cidade - atribui aos municípios a competência para cuidar do desenvolvimento urbano, competência essa que se apóia em muitos instrumentos urbanísticos, prioritariamente incluídos no Plano Diretor de Municípios. Por esta legislação (Art.36) o Município pode exigir que sejam feitos Estudos de Impacto de Vizinhança para determinados tipos de atividades e empreendimentos, exigindo, no mínimo a análise das questões relacionadas em seus incisos: I - adensamento populacional; II - equipamentos urbanos e comunitários; III - uso e ocupação do solo; IV - valorização imobiliária; V - geração de tráfego e demanda por transporte público; VI - ventilação e iluminação; VII - paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. É importante também lembrar que a Constituição Federal de 1988 impõe que os municípios com mais de 20.000 habitantes tenham seu Plano Diretor. Desse modo, observa-se que todas as decisões sobre Projeto Urbano prendem-se ao Plano Diretor de Município. Em outras palavras, as políticas públicas municipais não prescindem do Plano Diretor, destacando-se a própria lei do plano diretor, a lei de parcelamento uso e ocupação do solo (LPUOS) e o código de obras e edificações (COE). Com relação a Políticas Públicas, observa-se que a palavra política é oriunda de Polis, palavra grega que significa cidade, lugar onde se vive e se discutem seus problemas. O Estado, representando essa comunidade deve zelar pela qualidade ambiental, por meio de suas políticas públicas que intervêm e procuram controlar o ambiente natural e construído, por meio de intervenções diretas e indiretas. Assim, política pública é o conjunto de diretrizes consubstanciadas em lei, objetivando a melhoria das condições de vida da sociedade. (Vide - Política e Gestão Ambiental. Arlindo Philippi Jr e Gilda Collet Bruna. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, Núcleo de Informação em Saúde Ambiental, 2002.)

5) TRABALHO PRÁTICO: A partir dos documentos apresentados, na cartografia dada: I) DISTINGUIR: a) áreas de preservação e proteção a mananciais (políticas federais, estaduais e municipais, se for o caso); b) áreas críticas de localização industrial (políticas federais, estaduais e municipais, se for o caso); c) áreas propícias à industrialização (políticas públicas estaduais e municipais); II) JUSTIFICAR cada item assinalado com a legislação ou diretriz constante dos documentos apresentados.

AULA 3
O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO COMO CONDICIONANTE DO PROJETO URBANO E DA SUSTENTABILIDADE.

1) OCUPAÇÃO DO SOLO

2) Distinguem-se duas características importantes para o projeto urbano: a densidade de ocupação e o uso do solo. A primeira relaciona-se com a quantidade e tamanho dos lotes e edificações que, em última instância refletirão as densidades demográficas e os fluxos de pessoas e mercadorias. A segundo diz respeito ao uso do solo propriamente dito, onde a qualidade ambiental urbana se relaciona com a contigüidade, (ou não), de usos conflitantes, mais fácil ou difícil dispersão do tráfego, entre outros. Como se observa, os condicionantes do uso do solo urbano são fundamentalmente econômicos e sociais, cujas forças se estendem além das vizinhanças urbanas, influindo e sendo influenciadas por forças regionais e nacionais. Essas forças externas à comunidade afetam a vitalidade da ação econômica e, internamente, afetam o processo de formação do mercado urbano, determinando a localização das funções urbanas. Assim é que uma ocupação desordenada do solo urbano acaba produzindo uma área urbanizada muito superior àquela que seria necessária, apresentando densidades muito baixas, vazios urbanos sujeitos a virarem depósitos de lixo ou serem alvo de invasões como os decorrentes problemas fundiários e conflitos de propriedade. Essas duas características influem diretamente na formação do custo da cidade, contabilizado no custo da terra, custo de vida, horas de congestionamento, debilidade da saúde humana. Estes são, portanto elementos formadores da sustentabilidade ou seja, da qualidade ambiental sustentável.

3) USOS DO SOLO

4) Os usos do solo se distribuem de forma predominante na área urbana, isto é, são poucas as áreas só de habitação, ou só de indústrias, a não ser em cidades planejadas. Em geral as cidades são ocupadas indistintamente por usos mistos em variadas proporções e somente algumas áreas especiais são homogêneas quanto ao uso, como as áreas estritamente residenciais em que não se permitem exceções, ou distritos industriais. Assim, numa análise de usos, costuma-se distinguir os usos residenciais, comerciais e de serviços, usos industriais e áreas verde de lazer e recreação. É importante reconhecer as distintas peculiaridades desses usos do solo, pois os usos residenciais em geral são incompatíveis com os usos industriais e comerciais, tanto devido a ruídos, como devido ao tráfego de grande caminhões e carretas. Por isto os estudos de localização de atividades e empreendimentos são muito importantes e algumas áreas verdes e espaços abertos são considerados estratégicos como separadores de usos e mitigadores dos ruídos urbanos.

5) Dentre os usos do solo em projetos urbanos, o uso comercial é bastante especial. Numa primeira aproximação fala-se simplesmente uso comercial, mas ao se analisar melhor, observa-se que os serviços também estão incluídos nessa denominação. O comércio do centro da cidade (áreas centrais) também chamado de centro de negócios é diferente daquele dos centros de bairros e dos centros locais (em algumas esquinas). Em geral os centros comerciais se prolongam ao longo das principais vias de acesso, formando os conhecidos corredores comerciais. Também os valores e ideais sociais têm um papel na formação do padrão do uso do solo das cidades. Isto porque estas podem ser entendidas, parte como contexto urbano-ecológico, com aspectos físico, espacial e material da vida urbana e parte como contexto da estrutura social com preocupações humanísticas, comportamento e interações com reflexos nas instituições como família, igreja, governo, negócios, entre outros, interferindo no desenvolvimento das comunidades. (Vide - Land Use Planning, F. Stuart Chapin Jr, Urbana, Chicago: University of Illinois Press, 1970)

6) As áreas urbanas tipicamente são formadas por uma grande porcentagem de áreas residenciais que podem ser distribuídas em tipos de ocupação, ou seja, residências isoladas nos lotes (térreas ou sobrados), residências geminadas ou em renque, prédios a'te quatro pavimentos ou prédios com cinco ou mais pavimentos, imprimindo distintas densidades de ocupação. Os demais usos representam menor porcentagem no total de área da cidade.

7) Pela lei federal No. 6766/1979 fica estabelecido como requisitos urbanísticos para projetos de loteamentos, a exigência de pelo menos 35% da gleba serem reservados para áreas públicas, (salvo em loteamentos industriais com lotes maiores que 15,000 m2, caso em que a porcentagem poderá ser reduzida).

8) A qualidade de um projeto urbano depende dessas porcentagens estarem adequadamente distribuídas, mostrando equilíbrio e qualidade das áreas residenciais, das institucionais, das áreas verdes e da porcentagem ocupada pelo sistema viário. A estes indicadores de qualidade pode-se acrescentar outros relativos à insolação, ventos, tipos de solo, posicionamento em relação ao relevo e à hidrografia, entre outros.

9) As áreas necessárias para desenvolvimento dos diferentes usos do solo podem ser limitadas pelo tempo de viagem que as pessoas estão dispostas a gastar em seu dia de trabalho, levando assim ao grande valor das aglomerações em contraposição às deseconomias das aglomerações. Em outras palavras levam ao poder das polarizações ou às reversões de polarização de grandes centros urbanos. No contexto urbano, saúde, segurança e bem-estar-social são conhecidos como aspectos de interesse público, isto é da comunidade como um todo. A ação do Poder Público procura, por meio de suas políticas públicas, assegurar um desenvolvimento seguro e com condições de vida urbana eficientes em termos de padrão de uso do solo. Encontra-se desse modo a noção de utilidade pública, interesse público, em que as ações são efetuadas em prol do interesse público.

10) LEGISLAÇÕES

11) O Projeto Urbano precisa considerar sua localização em termos das legislações existentes, de forma a estar de acordo com as diretrizes do Plano Diretor de Município. Assim há que estudar a Legislação de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Município, (LPUOS) Código de Obras (COE) e Outras Legislações Urbanísticas. Há que estudar ainda as legislações ambientais, como as de preservação e proteção aos mananciais, legislações municipais, estaduais e federais sobre impacto de vizinhança, estudo de impacto ambiental (EIA/RIMA), crimes ambientais e outras sobre áreas de preservação permanente relacionada ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Além dessas, é preciso conhecer o Estatuto da Cidade (lei federal No. 10.257/01 que reúne instrumentos jurídicos que, dentre outros, permitem estabelecer a função social da propriedade. Desse modo, não se pode elaborar um Projeto Urbano com as qualidades de sustentabilidade, sem conhecer estas legislações. É preciso conhecer as diretrizes do Plano Diretor para a Área do Projeto Urbano, e as diretrizes do Estatuto da Cidade que podem estar influenciando nesse Plano Diretor e, eventualmente no próprio Projeto Urbano.

6) TRABALHO PRÁTICO: A partir dos documentos apresentados, na cartografia dada: I) DISTINGUIR: a) as densidades de ocupação residencial, diferenciando-as; b) os usos do predominantes do solo: residencial, comercial e de serviços, industrial, áreas verdes; c) vazios urbanos; d) diferenciar os usos comerciais e de serviços centrais, de bairros, locais, corredores; II) JUSTIFICAR cada item assinalado com a legislação ou diretriz constante dos documentos apresentados.

AULA 4
PROJETO URBANO: INFRA-ESTRUTURA SOCIAL E SUSTENTABILIDADE

1) EQUIPAMENTOS SOCIAIS

2) A infra-estrutura social é entendida como os equipamentos sociais urbanos que atendem diretamente a população, como Educação; Saúde; Recreação, Lazer, Turismo e Cultura. Estes equipamentos estão diretamente ligados ao conceito de sustentabilidade ampliada.

3) Observe-se que este conceito deriva dos diálogos estabelecidos em conferências internacionais como a Rio 92, focalizando a agenda para o desenvolvimento sustentável, a agenda social de combate à exclusão e à pobreza e a agenda dos direitos humanos.

4) SUSTENTABILIDADE

5) Desse modo foi-se chegando a um consenso sobre algumas noções-chave, como a de cidades sustentáveis e de sustentabilidade. Esta foi entendida como um processo em que se pode associar certos programas que levem ao crescimento ou desenvolvimento sustentável, considerando os padrões de respeito e harmonia com a natureza, bem como com os valores e culturas das pessoas e comunidades. Assim é que o conceito de sustentabilidade ampliada vincula-se à agenda ambiental e à agenda social, pois os fatores sociais são indissociáveis dos ambientais, havendo necessidade de enfrentar juntamente o problema da degradação do meio ambiente e o problema mundial da pobreza. Constata-se assim que este conceito identifica uma dimensão ética em que está em jogo a organização da sociedade e a vida da espécie humana, uma dimensão temporal com a preocupação de um planejamento a longo prazo, uma dimensão social de uma sociedade menos desigual, uma dimensão prática que se prende à mudança comportamental por exemplo, quanto à poluição do ar, e uma dimensão econômica que permita crescimento com a preservação dos recursos renováveis e controle do uso dos não-renováveis. Nesse sentido é que se fala numa dinâmica socioambiental vista sob diversos ângulos: da sustentabilidade ecológica de crescimento com conservação e uso racional dos estoques de recursos naturais; da sustentabilidade ambiental face à capacidade de suporte dos ecossistemas; da sustentabilidade demográfica que interpreta cenários ou tendências mais prováveis; da sustentabilidade cultural que se prende à manutenção da diversidade de culturas, valores e práticas dos povos; da sustentabilidade social pela qual se age promovendo a melhoria da qualidade de vida; da sustentabilidade política associada à cidadania e a mecanismos democráticos da gestão com intervenção e controle; e a sustentabilidade institucional pela qual se procura fortalecer as engenharias institucionais, (Vide - Cidades Sustentáveis: Subsídios à Elaboração da Agenda 21 Brasileira. Maria do Carmo de Lima Bezerra e Marlene Allan Fernandes (coordenação-geral). Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Consórcio Parceria 21, 2000.).

6) EQUIPAMENTO DE EDUCAÇÃO

7) Face a estas colocações, costuma-se estimar a necessidade dessa infra-estrutura social em função do número de unidades existentes, raios de atendimento da população conforme o tipo de equipamento, ou seja, por exemplo, com relação à Educação, a pré-escola, primeiro grau, segundo grau, creches. Desse modo observa-se que é importante conhecer a localização dessas unidades, seja em área urbana, seja rural, verificando quais áreas são bem (ou não) atendidas pelo equipamento. Nesse sentido, pode-se identificar a educação pública e privada, bem como, se possível, analisar as classes de renda da população atendida, ainda que seja para avaliar a renda média familiar por distrito ou bairro e comparar com o número de equipamentos existentes. Essa análise requer o conhecimento das faixas etárias da população e suas tendências de crescimento. É claro que os levantamentos de campo podem mostrar também que muitos dos usuários atendidos moram em municípios vizinhos. Em função de avaliar se a população daquela faixa etária está sendo atendida, é necessário verificar o número de salas de aula e a relação de alunos por salas, bem como os períodos de aulas, matutinas, diurnas e vespertinas. Da análise destes indicadores é que se pode avaliar o grau de atendimento da população, bem como a necessidade (ou não) de novas unidades, em determinadas localizações, para atender a população atual e uma estimativa para atender ao crescimento populacional esperado (ou diminuição), previsto para um período de tempo de 5 ou 10 anos, por exemplo.

8) EQUIPAMENTO DE SAÚDE

9) De modo similar a análise do equipamento de Saúde refere-se aos tipos de equipamentos e seus raios de atendimento, regional ou local. Regional quando se trata de hospitais que atendem vários centros urbanos, oferecendo portanto um certo número de leitos por 1000 habitantes. Local como o Posto de Saúde que atende cada bairro ou distrito. Igualmente também se fala de equipamento público e privado e provavelmente a avaliação dos serviços pode ter que levar em conta o sistema previdenciário nacional. Mas, de um modo geral é importante analisar a quantidade de leitos comparada com a de população a ser atendida, considerando ainda essa distribuição pelos diferentes níveis de atendimento: hospitais e clínicas; hospitais; centros de saúde; postos de saúde. É preciso observar as demandas por tipo de equipamento e seu crescimento (ou não) devido ao aumento ou decréscimo de população, em determinado período, 5 ou 10 anos, identificando eventuais superlotações e vacâncias. Outro aspecto importante é quanto ao tipo de doenças como malária, dengue e infecções intestinais, típicas da precariedade dos projetos urbanos que não contam com saneamento básico e controle de vetores em áreas urbanas. Do ponto de vista do Projeto Urbano passa a ter destaque a localização desses equipamentos de saúde nas áreas urbanas e rurais e a disponibilidade de recursos humanos capacitados e altamente qualificados para atender às necessidades da população. Freqüentemente observa-se a qualidade desses equipamentos analisando-se indicadores sociais como a taxa de mortalidade, a esperança de vida e a vida média do cidadão e outros indicadores como óbitos por doenças intestinais, acidentes de automóvel, malária, dengue. Essa análise permite que se organize um programa de saúde apoiando-se em dados da realidade, estimando as necessidades por tipo de equipamento e por local. Demanda e suprimento precisam ser contrabalançados e um dos indicadores, por exemplo, é a taxa de leitos por mil habitantes. Esse programa de equipamento de saúde precisa apoiar-se em dados confiáveis que permitam distribuir no tempo os investimentos necessários e acompanhar as melhorias ocorridas.

10) EQUIPAMENTO DE RECREAÇÃO, LAZER, TURISMO E CULTURA

11) A análise dos equipamentos de recreação, lazer, turismo e cultura, em geral, traz consigo um conteúdo histórico significativo que merece ser valorizado, mesmo aqueles decorrentes da paisagem natural que se constituem, muitas vezes em atração regional. O turismo e cultura têm se tornado elementos importantes na formação do PIB (Produto Interno Bruto) de países, regiões e cidades. A qualidade de um Projeto Urbano pode, eventualmente, apoiar-se nas qualidades turísticas e culturais da região, tornando-se mesmo o elemento chave do sucesso do projeto. As áreas verdes também podem ser usadas para formar uma imagem urbana, amenizar situações climáticas extremas e de ruído urbano insustentável, separar diferentes tipos de usos do solo, além de dirigir os movimentos do ar, desviando-o ou canalizando-o, (Vide - Princípios Climáticos para o Desenho Urbano, de Marta Adriana Bustos Romero, São Paulo: ProEditores, 2000). Além dessas finalidades, não se pode esquecer os diferentes tipos de unidades de conservação e de parques urbanos que podem ser propostos, muitos valorizando e preservando os recursos hídricos da poluição, (Vide - Aspectos Econômicos e Sociais da Utilização da Água Doce e o Ecoturismo, de Gilda Collet Bruna, capítulo 20, in Águas Doces no Brasil. Capital Ecológico, Uso e Conservação, com a organização e coordenação científica de Aldo da C. Rebouças, Benedito Braga e José Galizia Tundisi, 2a edição Revisada e Ampliada, São Paulo: Escrituras Editora, 2002).

12) TRABALHO PRÁTICO: A partir dos documentos apresentados, na cartografia dada: I) DISTINGUIR: a) principais pontos para a localização de equipamentos educacionais; principais pontos para a localização de equipamentos de saúde; principais pontos para a localização de equipamentos de recreação, lazer, turismo e cultura; II) JUSTIFICAR cada item assinalado com a legislação ou diretriz constante dos documentos apresentados.

AULA 5
CONTINUAÇÃO DO TRABALHO PRÁTICO

AULA 6
PROJETO URBANO: INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO BÁSICO E SUSTENTABILIDADE

1) SANEAMENTO BÁSICO

2) O Saneamento Básico é uma infra-estrutura que permite a manutenção da qualidade de vida dos assentamentos humanos. Vale dizer que inexistindo, a saúde humana, a segurança e o bem estar da população estão condenados à extinção. Este foi o caso de muitas epidemias que em certos períodos praticamente dizimaram populações em países europeus, como o tifo, a cólera e a gripe espanhola, dentre outros. Na Inglaterra, principalmente com a revolução industrial houve a construção de verdadeiros bairros com habitações construídos ao lado das indústrias, especialmente para seus operários, formando as conhecidas Company Towns. Mas, como não havia tratamento de esgoto e as fossas ficavam relativamente próximas dos poços domésticos, a poluição daquela água de abastecimento rapidamente era absorvida pela população e conseqüentemente, a disseminação das doenças era praticamente instantânea e total. Como se depreende, a infra-estrutura de saneamento básico é uma condição essencial da sustentabilidade. Pode também ser considerada impacto ambiental negativo, caso não seja equacionada em projetos urbanos, hoje em dia.

3) IMPACTO AMBIENTAL

4) A Resolução CONAMA No. 001 de 23 de janeiro de 1986 em seu Artigo 1o considera impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. Mas também é importante ressaltar, do Artigo 2o que, dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental - RIMA - aprovado pelos órgãos competentes, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, como estradas de rodagem, ferrovias, portos, aeroportos, aterros sanitários, complexos industriais e projetos urbanísticos acima de 100 há ou em áreas de interesse ambiental, a critério dos órgãos competentes. Daí a importância das questões ambientais serem referência fundamental para o Projeto Urbano.

5) SERVIÇOS DE ESGOTOS

6) A análise da infra-estrutura urbana de esgotos sanitários deve permitir conhecer a extensão de atendimento dos serviços, o estado
de manutenção das fossas sépticas, fossas negras e dispositivos perigosos construídos por escavação, despejos in natura, infiltrações perigosas para os depósitos de água potável, estações de tratamento ETEs existentes e condições de lançamento final no corpo receptor (rio, mar). Estas condições são importantes quando se trata de verificar se encontram-se a jusante ou a montante dos cursos dágua e estes em relação à localização da cidade. O tipo predominante de solo também precisa ser considerado, tendo em vista verificar sua adequação (ou não) para a construção de fossas, com maior ou menor possibilidade de absorção e de saturação do terreno. Em alguns municípios pode-se encontrar situações típicas em planícies secas ou úmidas em cotas próximas ao nível do mar, por vezes sofrendo a influência das marés ou aterros para a urbanização, no caso de alguns mangues. O conhecimento da profundidade do lençol freático é um importante ponto de partida, pois um solo inconstante, de argila orgânica marinha, mole pode-se constituir em sérias dificuldades para o assentamento de condutores de água e esgoto e uma topografia muito plana pode comprometer a drenagem, pois será difícil manter os caimentos necessários ao escoamento das águas. Já em regiões topograficamente movimentadas, como nas serras, as dificuldades podem ser a extensão da rede, a obtenção de pressões mínimas e esgotamento da drenagem superficial.


7) SERVIÇOS DE ÁGUA

8) O sistema de Abastecimento de água requer cuidado na localização dos pontos de captação, tendo em vista possíveis poluições por assentamentos humanos, atividades de mineração e garimpos, além das questões técnicas de dimensionamento do sistema. O atendimento da população precisa ser feito por água encanada tratada, pois esta água é um importante veículo de transmissão de doenças. Além disso a água também é usada para outras finalidades, como para a produção de energia e irrigação da agricultura. Daí a importância do dimensionamento do sistema de abastecimento, de forma que a água possa também atender às demais necessidades da população. Por isto é que em países desenvolvidos o re-uso da água acaba sendo muito importante, contribuindo para valorizar a água para abastecimento e balancear os custos finais para a população.

9) DRENAGEM URBANA

10) Por sua vez ,a drenagem urbana merece maior atenção, pois de uma certa forma permite fixar cotas de terraplenagem para evitar alagamentos e enchentes. Por isto é preciso conhecer as periodicidades dos fenômenos meteorológicos que causam enchentes periódicas e inundações de várzeas. Isto é tanto mais importante, quando se observa que em áreas planas da cidade a percolação é quase nula quando o solo predominante é praticamente impermeável. O mais grave não é a inundação das habitações, que não deixa de ser talvez o primeiro sinal de que há problemas na região. O mais grave é a contaminação que pode ocorrer com águas servidas, esgoto sanitário nas ruas, quintais, jardins, criando focos de doenças devido às águas estagnadas. As doenças endêmicas são inimigos silenciosos que atacam sem avisar. Essa contaminação pode atingir o lençol freático quanto a situação fica muito mais difícil de controlar, e nesses casos, em geral, os poços domésticos são condenados: tornam-se venenos. Para controlar problemas semelhantes seria preciso ter uma rede de drenagem ampla, abrangendo toda a cidade, em constante processo de manutenção. Esses problemas de conservação comprometem a eficiência da drenagem, o que geralmente é dificultado por assoreamento, pela falta de pavimentação, pelas infiltrações sob o pavimento, falta de sarjetas ou meios-fios com obstruções na rede, nas bocas de lobo, enxurradas crescentes, ligações clandestinas e, na maioria das vezes, redes de drenagem incompletas, isto é, não se estendem por toda a área urbanizada. Nesses casos, mais uma vez destaca-se a importância do Projeto Urbano, da disposição do arruamento em relação ao terreno natural e suas declividades, das densidades e faixas de ocupação urbana, dimensionamento apropriado da própria rede de drenagem. Além disso há que se contar com os trabalhos de manutenção dos canais, cujas margens deviam situar-se pelo menos 25 metros das construções e, não se devia permitir a saturação do solo até formar lagoas e poças que funcionam como berçários de doenças como a dengue ou a malária. Essa saturação do solo até sua superfície, acompanhada pela elevação do lençol freático pode dificultar mais ainda, o abastecimento d'água por meio de poços, tornando mais importante o abastecimento por água encanada tratada. Conforme a topografia da região, pode ser muito importante entender como ocorrem os problemas de drenagem, diferenciando as áreas como as encostas quando estas suportam alguma urbanização, as planícies com suas características ecológicas de maior ou menor permeabilidade dos solo, as áreas de mangues ou igarapés sujeitas a marés ou a regimes fluviais que, somados às chuvas podem ter efeitos agravados (ocorrência combinada de eventos máximos), dentre outros. Muitas propostas de controle das águas podem levar a soluções como aquelas feitas com as redes de canais de Santos, SP. Nesse estudo é preciso focalizar a questão em cada bacia hidrográfica, o poderá levar a soluções diversas como lagoas de contenção de cheias, canalização da rede, ou canalização coberta em rede de drenagem profunda, por exemplo.

11) TRABALHO PRÁTICO: A partir dos documentos apresentados, na cartografia dada: I) DISTINGUIR: a) os assentamentos humanos existentes e a extensão e tipo dos serviços de esgoto; b) os pontos de localização de ETEs e de destino final dos esgotos; c) as condições sanitárias de trechos da área urbana; d) as cotas e declividades a serem preservadas pela urbanização; e) os pontos de captação e/ou nascentes d'água; f) áreas com problemas de lençol aflorando, tipos de terrenos; g) extensão dos serviços de água e localização das ETAs; h) áreas problemas de saturação do solo e enchentes, distinguindo encostas, serras, planícies, mangues, igarapés, invasão por maré alta; i) áreas para possíveis propostas para solucionar os problemas encontrados, como para se ter canais ou lagoas de contenção, dentre outros. II) JUSTIFICAR cada item, a partir dos documentos apresentados.

AULA 7
CONTINUAÇÃO DO TRABALHO PRÁTICO

AULA 8
SEMINÁRIO: AVALIAÇÃO DO TRABALHO PRÁTICO I

AULA 9
O TRANSPORTE E A ESTRUTURA URBANA

1) Uma vez entendidas as questões ambientais, físico-geográficas de localização e, estritamente relacionadas a estas, as possibilidades de estruturar o saneamento básico, de um modo geral o transporte e principalmente o sistema viário são os grandes estruturadores do Projeto Urbano. São muito conhecidas as estruturas urbanas chamadas rádio-concêntricas, como a da cidade de São Paulo e a de Londres, ou as estruturas em tabuleiro de xadrez, muitas vezes cortadas por algumas diagonais, como Nova Iorque e Los Angeles, esta tendo também uma rede de vias expressas conectadas em diferentes níveis. Em urbanizações existentes, reconhecer essas estruturas urbanas é um primeiro passo para se tentar posteriormente, tanto projetar expansões urbanas, como propor soluções aos problemas encontrados. Estruturas como estas podem se estender por vários municípios, à medida que a urbanização cresce e se espalha pelo território, formando uma grande conurbação. Essa dificuldade aumenta quando se verifica que esta é uma área de competências concorrentes. Vale dizer que os municípios cuidam do transporte, os estados cuidam do transporte e a união e o DF também, e, a área urbana recebe total ou parcialmente os impactos dessas ações. Assim, em relação a transporte convém distinguir o de passageiros e o de carga e, ainda, o ferroviário, o rodoviário, o aeroviário e o hidroviário. Ao analisar essas modalidades é preciso verificar não só o custo do referido tipo de transporte (infra-estrutura e material rodante), mas também se existe demanda que viabilize a estrutura proposta.

2) TRANSPORTE COLETIVO

3) Quanto ao Transporte Coletivo também chamado de Transporte Público, de um modo geral pode-se falar em transporte de alta capacidade e transporte de média capacidade. O primeiro transporta um grande volume de passageiros, sendo feito por metrô e trem urbano que, devido ao volume de passageiros a transportar têm uma central de operação que programa, por exemplo, nas horas de pico, a saída de trens a cada 12 minutos. Devido a estas características é um transporte tipicamente usado nas grandes metrópoles ou megacidades. Já o transporte de média capacidade atende a um menor volume de passageiros, sendo tipicamente o transporte feito por ônibus municipais ou intermunicipais, circulando ou não em canaletas ou faixas segregadas. Estes tipos de transporte também são chamados de alimentadores, porque nas grandes cidades costuma alimentar o sistema de transporte de alta capacidade que é chamado de estruturador. Atualmente esse sistema de média capacidade têm sido alimentado por lotações (vans) que vêm sendo cadastradas, tanto pelos estados (no caso de serem intermunicipais, transporte metropolitano, por exemplo), como pelos municípios. Ainda que no Brasil não se tenha implementado (estando em construção em São Paulo, por exemplo), colocam-se como transporte de média capacidade os VLTs (Veículos Leve sobre Trilhos) ou VLPs (Veículos Leve sobre Pneus) devido ao número de passageiros transportados e à menor velocidade desse tipo de transporte na área urbana. Todos estes sistemas de Transporte devem se interagir de forma a oferecer opções aos passageiros e assim, atender às necessidades dos usuários que devem poder intercambiar de modo de transporte, conforme o destino de suas viagens. Observa-se que conforme a região, pode-se contar com algumas dessas modalidades de transporte feitos por grande empresas, como as grandes indústrias de um modo geral, que têm ônibus ou microônibus para seus funcionários, ou ainda, como no caso da COSIPA que opera um porte em sua propriedade, para escoamento de produto e matéria-prima.

4) SISTEMA VIÁRIO

5) Os sistemas viários municipais em geral se estruturam hierarquicamente, vale dizer, possuem uma hierarquia de vias, como as rodovias que atravessam a área urbana (vias de passagem) ou a contornam (rodoanel), vias expressas e suas vias de serviços, vias arteriais (highways), vias coletoras-distribuidoras, vias secundárias (essas últimas por vezes estruturando binários) e as vias locais. Cada um desses tipos de vias, na estrutura urbana, pode estruturar trevos ou passagens em nível ou desnível. Estes trevos geralmente são previstos nos cruzamentos de rodovias, vias expressas, mas também podem ser feitos para cruzar ferrovias em nível com cancela, ou em desnível, por exemplo. Há que considerar também os diferentes tipos de terminais regionais e locais, dos quais as estações rodo-ferroviárias são um exemplo; o aeroporto é outro exemplo de terminal aeroviário).

6) TRANSPORTE DE CARGA

7) Uma grande proporção do transporte de carga é feita por rodovia, mas também há aquele por ferrovia, por hidrovia (no caso da hidrovia do sistema dos rios Tietê-Paraná) e por mar, bem como por dutos (oleodutos, gasodutos) e também por ar via aerovias. O transporte marítimo ou via aeroporto é muito importante para o mercado interno (inter regiões no país) e externo. Recebendo mercadorias de outros países e exportando, a carga é vistoriada e sua entrada ou saída é controlada em alfândegas que podem funcionar também como um terminal de carga. Além desses terminais alfandegados, pode-se falar em terminais urbanos de carga ou TICs (Terminais Intermodais de Carga), servidos por mais de um modo de transporte, quando rodovias, ferrovias, aeroportos e portos, por exemplo, são integrados ao terminal. Como se vê, a localização desses terminais deve ser alvo de uma estratégia de planejamento que envolva os vários níveis de interferência, tanto federais, como estaduais e municipais, e considere, principalmente, as interferências que poderão ocorrer na área urbana. Como já mencionado, esses projetos devem ser alvo de EIA/RIMA para avaliar os impactos no meio ambiente e proteger os ecossistemas frágeis.

8) TRABALHO PRÁTICO: A partir dos documentos apresentados, na cartografia dada: I) DISTINGUIR: a) o sistema viário existente; b) as interferências do sistema viário com a ferrovia, hidrovia, aerovia, dutovia; c) a localização de terminais de passageiros existentes; d) a localização de terminais de carga existentes; e) as linhas ou percursos de transporte de média capacidade, por modo de transporte; f) examinar se os transportes públicos atendem às necessidades dos usuários, identificando áreas bem atendidas e não atendidas; g) avaliar a eficiência dos serviços de transporte atualmente existentes. II) JUSTIFICAR a resposta dada a cada item acima, a partir dos documentos apresentados.

AULA 10
CONTINUAÇÃO DO TRABALHO PRÁTICO

AULA 11
SEMINÁRIO: AVALIAÇÃO DO TRABALHO PRÁTICO II

AULA 12
ESPAÇOS ABERTOS E DE USO PÚBLICO E A ESTRUTURA URBANA

1) Esses espaços abertos também costumam ser chamados de áreas verdes e espaços livres, uso do solo esse que forma a paisagem urbana característica de cada cidade. Como paisagem, envolve tanto as áreas edificadas, como os espaços abertos construído e natural. Por exemplo, a paisagem urbana de Nova Iorque é desenhada pela verticalização da grande massa de área construída, tendo ao centro um coração verde, formado pelo Central Park e ao sul A paisagem de Londres é marcada pelo rio Tâmisa, as principais edificações do palácio de Buckingham, da abadia de Westminster, dentre outras a ponte de Waterloo e o Parlamento, o Royal Festival Hall e o National Theatre, e, como áreas verdes típicas, os parques: Hyde Park e Regent's Park, no centro da cidade. Como se observa, essas características da paisagem urbana se formam conforme os elementos físico-geográficos naturais existentes no local. Junta-se assim, a topografia, clima, meteorologia, com o projeto urbano construído, mesmo em termos de áreas verdes. Nesse sentido é importante reconhecer os elementos desta paisagem, como rios meândricos, serras, morros isolados, mangues, igarapés, praias, planícies e várzeas, planaltos, deltas ou estuários, plantas e animais típicos do local. A estes elementos juntam-se outros, da própria estrutura urbana, como acessos em vias paisagísticas, diferentes tipos de parques e praças, ou de unidades de conservação e, como não podia deixar de ser, as edificações de diferentes tipos, as diferentes densidades de ocupação, os centros comerciais, ás áreas industriais e assim por diante. Dessa forma pode-se identificar uma hierarquia de áreas verdes no contexto urbano.

2) RECREAÇÃO, LAZER, TURISMO E CULTURA

3) Estas atividades em geral se beneficiam uma das outras, ocorrendo preferencialmente em localizações próximas. Podem ser diferenciadas hierarquicamente em sua distribuição na área urbana. Somam-se os tipos de equipamentos que apresentam, como praças com bancos, coretos e playgrounds. Outras vezes são áreas verdes que formam corredores ao longo das principais avenidas, ruas e boulevards, que se destacam na área urbana e amenizam o clima. Em alguns casos procura-se projetar áreas verdes como divisórias de diferentes tipos de uso do solo, separando por exemplo áreas de tráfego intenso de áreas residenciais, ou áreas industriais de comerciais, ou mesmo em áreas comerciais, separando determinadas atividades, como nos shopping centers, armazéns, postos de serviço. Além disso existem também os parques municipais e estaduais, com zoológico e jardim botânico que merecem atenção em sua localização e acesso. As áreas de preservação, tipo APAs (Áreas de Preservação Ambiental) ou as áreas de Proteção aos Mananciais, que, dependendo da categoria, não permitem qualquer ocupação. Com a legislação ambiental que criou o Sistema de Unidades de Conservação, algumas dessas áreas são reservas ecológicas, que só permitem o uso de uma pequena porção, para fins de pesquisa. Estas diferentes características de áreas verdes vêm sendo muito usadas como atração turística das cidades, principalmente aquelas que possuem um parque temático ou ecológico para visitação. Estas, associadas às características históricas de algumas edificações como museus, observatórios e outros prédios públicos se complementam em termos turísticos, principalmente quando se tem um rio, represa, cachoeiras e lagos que permitem um turismo ecológico.

4) TRABALHO PRÁTICO: A partir dos documentos apresentados, na cartografia dada: I) DISTINGUIR: a) o sistema de áreas verdes existentes; b) as inter-relações com as áreas residenciais existentes e com o sistema de circulação urbana, incluindo ciclistas e pedestres; c) a localização de equipamentos tipo zoológico, jardim botânico existentes; d) a localização de áreas de preservação e de proteção a mananciais; e) eventuais roteiros turísticos; f) avaliar as vantagens para a população e para a cidade, trazidas pelas áreas verdes existentes; g) avaliar a necessidade de áreas verdes. II) JUSTIFICAR a resposta dada a cada item acima, a partir dos documentos apresentados.



(Requerido para a visualização de documentos PDF)

 

 

© 2002 Prof.ª Gilda Collet Bruna